O fotógrafo subaquático é um profissional responsável por registrar os momentos inesquecíveis do seu mergulho.
Mas não pense que a fotografia a que me refiro aqui é como qualquer outra.
Na verdade, quem opta pela profissão precisa considerar variáveis como as cores, que podem se perder com a distância do objeto fotografado, seja essa distância horizontal ou vertical, e com o aumento da profundidade.
Precisa ainda se preocupar com as partículas suspensas na água e até com os objetos, que parecem mais próximos de nós.
Fora isso, por estar na água ele ainda tem que controlar muito bem a sua flutuabilidade para não estragar as fotos.
Apesar das “dificuldades” (se é que posso falar assim), quando você domina o trabalho, acaba chegando à conclusão de que não tem nada mais lindo e prazeroso do que registrar esse momentos inesquecíveis.
Ficou interessado em saber mais sobre esse conteúdo?
Então fique por aqui e aproveite as informações do artigo!
#01 – O que faz um fotógrafo subaquático?
Para o fotógrafo subaquático existem duas opções:
- Acompanhar os batismos, as saídas e os cursos de mergulho, além de tirar fotos dos clientes.
- Fotografar os animais marinhos e vender essas fotos para revistas, sites e jornais.
As duas áreas são bem interessantes e podem proporcionar um bom ganho financeiro.
Você pode investir em seu equipamento fotográfico e trabalhar por conta própria em parceria com alguma operadora de mergulho ou pode trabalhar em umas das diversas empresas especializadas em fotografia sub, como a Ciliares Foto & Vídeo e a Barracudas Imagens que operam em Fernando de Noronha.
A vantagem de trabalhar numa empresa é que você não precisará investir no equipamento e olha que estamos falando entre 1 a 3 mil dólares, isso entre câmera, lente, caixa estanque e dome. Em um equipamento top de linha completo você investirá cerca de 9 mil dólares.
Para trabalhar como fotógrafo subaquático você precisa se formar, no mínimo, como Divemaster, mas o ideal é se formar como instrutor, pois assim poderá criar seu curso de fotografia e aumentar seu rendimento.
# 02 – O que o fotógrafo subaquático precisa aprender para poder atuar?
É primordial que o fotógrafo subaquático entenda de fotografia subaquática, que, como já mencionei, é bem diferente da fotografia comum.
Para você ter uma ideia, tirar foto embaixo d’água requer ter bom controle de flutuabilidade, pois se você mexer a sua câmera no momento do clique sua foto sairá tremida.
Como estamos na água, você já imagina que não temos nenhum apoio e por isso o controle de flutuabilidade é fundamental nas qualidade da sua foto.
Outro fator importante é saber se posicionar, isso está muito ligado em pensar na sua foto antes mesmo do clique. Você precisar ver a foto na sua mente, precisa planejá-la.
Uma boa foto subaquática não é uma questão de sorte!
Um bom fotógrafo subaquático conhece o comportamento dos animais marinhos e se posiciona de uma maneira que irá valorizar o animal e o mergulhador, criando fotos de tirar o fôlego.
Você precisa também dominar o manuseio e a configuração da sua câmera e para isso sugerimos:
- Aprenda a usar o equipamento fora da água para facilitar o aprendizado, em especial fotografando coisas diferentes, como pessoas, paisagens, arquiteturas e muito mais.
- Conheça o seu equipamento, entendendo as limitações da máquina, lendo o manual e procurando se inteirar com livros e artigos específicos sobre o tema.
- Use um bom editor de imagens. Uma ótima opção é o Lightroom da Adobe, onde você pode editar, tratar e organizar suas fotos.
- Faça um curso de fotografia online, ou acompanhe os diversos canais do tema no YouTube.
- Leia revistas e blogs de fotografia, como o Underwater Photography e Dive Photo Guide, que tem ótimas dicas e ainda por cima é gratuita.
- Leia o livro do Martin Edge ” The Underwater Photographer”, que já na 4ª edição. Essa dica é do fotógrafo Marcos Santoni.
- Faça um curso de especialização em Fotografia Subaquática com os instrutores de mergulho PADI
- Faça um curso de fotografia subaquática com um dos fotógrafos subaquáticos renomados aqui no Brasil para aperfeiçoar as suas técnicas: Max Glegiston, Ary Amarante, Márcio Lisa.
# 03 – Como é o mercado de trabalho para o fotógrafo subaquático?
O mercado de trabalho para o fotógrafo subaquático é bem interessante.
As fotografias subaquáticas são comercializadas por 30 a 40 reais cada unidade.
Se você trabalha para uma empresa receberá um salário fixo e comissão por cada foto vendida. Sendo assim, para aumentar seus ganhos precisa caprichar nas fotos e desenvolver suas habilidades de vendas!
Se for investir em seu próprio equipamento, procure fechar uma parceria com uma operadora de mergulho que tenha uma frequência de mergulhos e analise o público que mergulha com a operadora, para saber se o perfil deles se encaixam no perfil dos mergulhadores que gostariam de comprar as fotos.
Em Fernando de Noronha, por exemplo, um pacote com 20 fotos pode sair por cerca de 300 reais.
Mas nada melhor do que saber a opinião de profissionais renomados na área para entender melhor esse mercado de trabalho, certo?
Para te ajudar, fiz duas entrevistas super legais com as fotógrafas subaquáticas Rayanna Zonta e Ana Paula Limonta Maia.
Confira clicando nos links abaixo!
01 – Como foi a sua trajetória nessa profissão?
Eu trabalhava como bancária em 2012 quando tive contato com o mundo do mergulho.
Decidi então me preparar para mudar de profissão e em um ano e meio me demiti e comecei a trabalhar como Divemaster.
Fui à Noronha para trabalhar nessa posição e depois de alguns meses surgiu uma vaga numa empresa de vídeos subaquáticos.
Nunca tinha trabalhado na área, sou formada em Ciências Econômicas.
A empresa não exigia experiência prévia, precisavam de alguém com boa flutuabilidade para captar as imagens e tinham um funcionário para fazer a edição.
Nessa mesma empresa, cobria a folga do fotógrafo e comecei a me interessar por fotografia.
Assim, passei a estudar por conta própria.
Depois de Noronha fui para Curaçao para trabalhar como videógrafa e mais tarde como fotógrafa.
Lá fui treinada para fazer fotos e depois de alguns meses estava meio que fixa nisso.
Aprendi muito nesse ano que passei lá e quando voltei para o Brasil comprei minha câmera, fiz curso de Photoshop, estudei edição de vídeos e passei o último verão na Bahia filmando e editando.
Agora estou no México fazendo foto e vídeo!
02 – Como é o dia a dia de um fotógrafo subaquático?
O dia a dia do fotógrafo subaquático é diferente em cada operadora. Cada uma tem uma demanda.
Aqui no México normalmente eu mergulho um período (manhã ou tarde) e edito o material no restante do dia.
Às vezes é preciso fazer os dois turnos e editar à noite.
Essa dinâmica geralmente já é pra quem tem seu próprio equipamento.
Em algumas empresas, quando não tem a câmera nem faz as edições, você capta as imagens e cuida do equipamento.
Em outras você precisa voltar para a loja à noite para esperar os clientes que verão o material e decidirão por adquiri-lo ou não.
03 – Quais são os maiores desafios de trabalhar como fotógrafo subaquático?
Eu amo muito o que eu faço. É uma rotina muito gratificante!
Estar em contato com a natureza todos os dias, registrar os momentos lindos e as descobertas das pessoas nesse outro mundo que é o oceano, conscientizá-los da sua importância para toda a vida do planeta e editar as imagens depois é muito divertido.
Mas eventualmente a rotina pode ser fisicamente exaustiva.
Às vezes fazemos 4 mergulhos por dia (tem lugares que são mais) e ainda tem edição ou venda à noite.
Além disso, o fato do fotógrafo/videógrafo viver de comissão pode gerar uma ansiedade, principalmente nos meses de baixa temporada.
Também tem lugares que pagam MUITO mal!
Já cheguei a trabalhar por 5% de comissão.
Quando você tem seu próprio equipamento, claro que isso melhora, mas a manutenção deve ser constante e tudo que envolve equipamento de fotografia sub é caro.
Outro ponto é a questão de morar fora do Brasil.
Estar longe da família e amigos é a parte mais difícil na minha opinião.
Infelizmente essa profissão ainda é subvalorizada no nosso país e é difícil encontrar uma empresa que pague dignamente o profissional da fotografia.
Mas tem também o fator das temporadas.
Fora do verão o movimento cai consideravelmente e a visibilidade na maior parte do litoral brasileiro piora muito, o que reflete diretamente no resultado das imagens.
E se você optar por morar fora também tem a questão da língua.
Por isso falar inglês é fundamental.
Mas nas profissões de fotógrafo subaquático, DM e Instrutor há muita procura por profissionais que além do inglês falem também francês, alemão, espanhol, holandês, russo ou mandarim.
04 – O que é preciso para ser um bom fotógrafo subaquático?
Para ser um bom fotógrafo subaquático você tem que ter um ótimo controle de flutuabilidade por dois motivos: captar imagens com qualidade e, mais importante, causar o menor impacto possível no ambiente marinho!
Você também tem que ter boa habilidade de venda, ser simpático e contribuir no que puder para que o cliente tenha uma ótima experiência.
Suas fotos podem estar lindas, mas se lidar com o público não for a sua praia, provavelmente não vai ter muito sucesso nessa profissão.
05 – Como você avalia o mercado de trabalho?
O mercado de trabalho é assim: não é muito difícil ter vagas, mas existe muita rotatividade, talvez por conta das condições de pagamento em alguns lugares (principalmente no Brasil, onde se paga mal), ou porque mergulhadores são free souls! Hahaha
Mas para ter melhores condições de trabalho é preciso se aperfeiçoar, procurar aprender sempre, estudar (tem muitos sites sobre teoria da fotografia e tutoriais de edição no youtube).
E quanto antes investir no seu próprio equipamento, melhor.
Assim terá oportunidades de trabalho mais atrativas e também bons salários.
06 – Você se sente realizada?
Eu me sinto muuuuito realizada!!
Não imaginava que algum dia fosse acordar feliz pra ir trabalhar! Hahaha
Quando comecei a atuar com o mergulho isso aconteceu e quando conheci a fotografia sub eu realmente me encontrei.
Sou muito feliz fazendo o que faço!
01 – Como é o dia a dia de um fotógrafo subaquático?
Aqui em Noronha tem operação regular de mergulho todos os dias da semana e nos dois períodos: de manhã e de tarde.
Normalmente deixo o equipamento fotográfico montado no dia anterior, pois as atividades começam muito cedo.
Temos operação de mergulho de batismo e de credenciados em barcos separados.
Cada fotógrafa cobre um barco, enquanto a terceira tira a folga. Portanto, trabalho dois dias e folgo no terceiro.
A fotografia do cliente de batismo depende muito do perfil que o instrutor executa, mas seguramente é a modalidade mais rentável.
Quanto à foto do mergulhador credenciado, depende muito do interesse e da sua aquatização.
02 – Quais são os maiores desafios de trabalhar com fotografia sub?
O desgaste físico de um fotógrafo subaquático é muito maior com relação ao do instrutor considerando as atividades daqui.
Portanto, ter um bom preparo físico é fundamental para suportar a rotina.
03 – O que é preciso para ser um bom fotógrafo subaquático?
Primeiramente ter um ótimo controle de flutuabilidade.
O equipamento também faz toda a diferença.
Se relacionar bem com os colegas de trabalho é outro ponto fundamental para conseguir uma boa foto!
04 – Como você avalia o mercado de trabalho?
Particularmente em Noronha me parece ser ótimo por conta de todas as condições favoráveis que o destino oferece: ótima visibilidade, muitos turistas e vida marinha abundante.
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